[Artigo] Cápsulas e agulhas: Um pequeno guia – Parte 4

Agora iremos iniciar a última parte do artigo, falando um pouquinho sobre cápsulas magnéticas.

Cápsulas magnéticas

As cápsulas mágnéticas são consideradas de maior fidelidade do que as de cerâmica, principalmente que para funcionar elas não têm nenhuma necessidade de contato com o elemento que irá gerar a corrente elétrica, como acontecia nas de cerâmica, onde a agulha pressionava a barra de cerâmica e a movia para gerar a energia. Nas cápsulas magnéticas, o funcionamento é o mesmo de um dínamo, ou seja, uma bobina fixa com um imã que se move próximo dele (cápsulas moving magnet) ou um imã fixo e uma bobina móvel que se move próxima ao imã fixo (Cápsulas moving coil).

O nível de saída da cápsula, é a tensão de saída da mesma, e é determinado por 2 fatores: Tamanho ou força do imã e espessura ou número de espiras da bobina. Quanto mais espiras, maior o nível de saída, quanto menor a saída, menos espiras terá a bobina.

Algumas marcas, como por exemplo a Le-son, tem um modelo apenas, tipo Moving Magnet (construídas pela Excel, modelo ES-70, onde a ES70SH ou ES70S eram com agulhas cônicas e equivaliam as famosas LM-80C), onde esse era e sempre foi o modelo básico. Variava-se apenas a agulha, variando entre a maioria dos modelos cônicas com diferênças no elastômero utilizado e distância e espessura do imã utilizado, e geralmente um modelo elíptico, de maior qualidade.

Nas cápsulas magnéticas, não existe contato do corpo da agulha com nenhuma parte fixa da cápsula, isso faz com que seja possível que as cápsulas magnéticas operem com peso bem reduzido. Ainda existem fabricantes de cápsulas magnéticas, e a qualidade delas é bem maior do que eram no passado.

Excel ES-70, que era importada pela Le-son para a sua linha LM e LS, diferenciando apenas na carcaça plástica que a linha LM tinha.

Le-son LS80. Mesma cápsula da Excel, conforme pode ser comparado nas duas imagens.

Cápsulas Moving Magnet

Antes de explicar o funcionamento das cápsulas, é necessário explicar as partes de uma cápsula para ficar mais fácil de entender:

Bobinas – As bobinas são fios enrolados, fios da expessura aproximada de fios de cabelo. Existem milhares de voltas de fios, cada bobina gera o som de um canal do audio. Uma bobina para o direito e outra para o esquerdo (para cápsulas estéreo convencionais).

Porta bobinas – Aqui é onde as bobinas são fixas. Podem ser barrinhas de ferrite, pode ser uma espécie de metal ferroso ou algum outro material condutor magnético.

Magnetos – O imã, propriamente dito. Nas cápsulas moving magnet, a maioria das agulhas possuem o imã na parte traseira, em uma estrutura tubular que entra na cápsula.

Cantilever – A estrutura tubular que vai desde o magneto até a ponta de diamante. O cantilever pode ser de diversos materiais, desde alumínio até rubi, passando pela fibra de carbono e em alguns casos de ferro, como em antigas cápsulas de baixa qualidade.

Elastômero – Uma espécie de fixação para o magneto ou cantilever na tubulação de suporte. Elastômero é uma espécia de borracha muito macia, ou espuma bem sensível que é prensada entre o cantilever e a tubulação, para fazer o sistema ficar flexível e ao mesmo tempo não se soltar.

Agulha – É a ponta de diamante ou safira. Mas o conjunto todo de agulha, cantilever, elastômero e magneto também são chamados de agulha.

O funcionamento básico de uma cápsula Moving magnet é o seguinte:

Os sulcos do disco passam pela agulha, que vibra junto com eles, transmitindo a vibração ao cantilever. O cantilever conduzirá a vibração até o magneto, que irá vibrar bem próximo ao porta-bobinas e as bobinas, gerando uma pequena quantidade de energia elétrica.

Em um sistema ideal, o elastômero é ignorado, pois o mesmo não deve alterar as vibrações do cantilever.

Essa pequena quantidade de energia elétrica pode ser amplificada para audição.

Quando a agulha da cápsula moving magnet gasta ou quebra, a mesma pode ser trocada em casa mesmo, todo o sistema é substituído, estrutura de suporte, elastômero, cantilever, magneto e a agulha propriamente dita.

As cápsulas Moving magnet hoje possuem som muito bom e são utilizadas desde as entry-level (nível de entrada), para usuários iniciantes até para fins audiófilos, existem excelentes cápsulas Moving magnet.

Cápsula Moving Magnet desmontada. Nota-se as duas bobinas com os enrolamentos, onde sua terminação é na parte onde a haste contendo o cantilever e o magneto são inseridos.

Agulha de uma cápsula Moving Magnet desmontada. A parte de cima, parecendo cobre, é o tubo onde o conjunto fica fixo. A parte mais abaixo, o cantilever, onde tem sua parte fosca e na parte brilhante o magneto. A parte parecendo um fiozinho é apenas para fixação, evitar que o cantilever desça. A parte redonda embaixo é o elastômero. Ele mantém o conjunto sob pressão sem travar o mesmo.

Então para que existem as cápsulas moving coil?

Alguns audiófilos preferem as cápsulas moving coil porque possuem melhor tonalidade, maior transparência no som e tendem a distorcer muito menos em toda a gama de frequencias.

O funcionamento de uma Moving Coil é semelhante ao de uma moving magnet, exceto que aqui, os magnetos são fixos e as bobinas é que são impulsionadas pelo cantilever. As bobinas fazem parte do conjunto da agulha e ao invés de ser o magneto ao final do cantilever, são as bobinas que são dispostas por lá.

As agulhas das cápsulas moving coil são de diamante e a trocade alguns modelos pode ser feita em casa, mas as cápsulas mais refinadas devem ser encaminhadas de volta para a fábrica para a troca da agulha. O custo de uma cápsula Moving Coil pode ser bem alto, e a troca de sua agulha também não é uma tarefa das mais baratas.

A tensão de saída de uma cápsula Moving coil é bem mais baixa do que a de uma moving magnet, e na maioria das vezes tem que sofrer uma pré amplificação antes da entrada phono. Enquanto as Moving magnet a tensão de saída é entre 2,5 a 7 mV, as moving coil é da ordem de 0,4mV até 2 mV em modelos de saída alta.

Cápsula moving coil desmontada. Nota-se o enrolamento das bobinas no mesmo tubo onde está o cantilever. Esse conjunto é móvel. A parte em volta deste conjunto é constituída de material magnético.

Aparência externa comum em cápsulas Moving Coil. Normalmente têm-se a impressão de que a agulha é flutuante.

A escolha do tipo de cápsula que vai utilizar deve ser feito levanto em conta o seu equipamento como um todo e se lembrando SEMPRE que o nívelamento da qualidade de seu equipamento será feito sempre pelo módulo ou pela parte que tiver menos qualidade.

Não adianta ter o melhor toca-discos, com cápsula Moving Coil toda alinhada, um amplificador de excelente qualidade e caixas de qualidade mediana, seu sistema terá um som mediano. Ou se o sistema todo for bom, mas estiver ligado errado, também pode decepcionar. Aparelho de som de qualidade, é trabalho constante, cuidadoso e muito custoso!

A vida útil teórica de uma agulha de safira é de 100 horas, e de diamante de 1000 horas. Quando se diz teórica, é porque é calculada escutando discos perfeitos, em toca-discos alinhados, nivelados, dentro das especificações de peso e anti-skating, e sem derrubar a agulha no disco ou no tapete de borracha do toca-discos. Esses fatores todos diminuem a durabilidade da agulha.